RESUMO DAS EPISTOLAS JOANINAS


STOTT, John R.W. As epístolas de João, Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1ª Edição. 2006

Considerando John Stott, autor de vários livros, que tem contribuído muito com seus escritos para a formação de pensamentos e conhecimento da palavra de Deus. Propõe em seu comentário das epistolas de João dirimir todas as dúvidas com relação a essas cartas, apresentando através de acurada investigação sobre os escritos Joaninos, assim denominados, todas as idéias levantadas sobre a autoria, mensagem, e propósito das cartas. Percebe-se que as epístolas Joaninas são diferentes de outros livros, exceto Hebreus, visto que essas cartas não revelam o nome de seu autor. Observa-se que quem escreveu a primeira carta denominada de I João, também, não fez nenhuma saudação introdutória. Entende-se, que a carta fora destinado a um grupo de pessoas muito querida pelo autor devido a sua forma de tratamento. O modo como esse grupo de pessoas é tratado deduz-se que havia um grande sentimento em relação a eles. Ainda, pode-se dizer que é uma carta de mensagem genuinamente pessoal, dirigida a um grupo de pessoas a quem João amava muito, e no momento ele precisava resolver uma situação particular dos irmãos. Stott se favorece então das evidências externas para poder atribuir essas cartas ao apóstolo João. Principalmente, no caso da primeira epístola, são diversos escritos que fazem referências aos textos Joaninos, onde os autores o atribuem a João. Em meados do segundo século, foi feito a primeira referência do texto de João por Papias de Hierápolis. Também, foi citada por Irineu de Lião (cerca de 130-200), Clemente de Alexandria; Tertuliano; Orígenes de Alexandria; O Cânon de Muratori; Cipriano, bispo de Cartago, em meados do terceiro século. Quanto a segunda e a terceira epístola, usa-se, da mesma evidência externa para poder mostrar que são de autoria Joanina, apesar de não serem tão fortes as evidências como da primeira carta. Embora, sejam poucas as evidências, todavia, é o suficiente para afirmar que se trata de João. A primeira citação definida ocorre em Irineu (Adversus Haereses iii.16.3,8), também a segunda carta é citado por Eusébio referido a “a santa igreja” e por fim a aceitação de que seriam escritos de João foi definido em Jerônimo que diz que as duas epístolas mais curtas eram atribuídas a João o presbítero, idéia essa que fora depois confirmada também por Erasmo. Percebe-se que as evidências externas apresentadas acima, não são suficientes para muitos estudiosos do assunto para definir se as cartas são de autoria joanina. Apropriam-se do propósito do evangelho e fazem comparações com as epístolas, e assim apresentam várias formas de discursos que segundo eles são contraditórias ao evangelho de João. Diante dessas considerações Stott afirma que não se pode fundamentar uma teoria de autoria diferente baseado na ênfase das cartas, visto que as cartas foram escritas em tempos diferentes e também para ambientes diferentes. O evangelho de João fora escrito para pessoas incrédulas com propósito de mostrar os feitos de Cristo Jesus e que crendo eles pudessem ter a vida eterna. E as epistolas foram escritas para pessoas crentes, com o objetivo de aprofundar a fé deles e dar-lhes a certeza da salvação. Nota-se isso a partir dos temas. O tema do evangelho é: “Jesus é o Cristo”, e das epístolas “o Cristo é Jesus”. Ao trabalhar diretamente o texto bíblico da primeira carta Stott diz o principal objetivo é a proclamação apostólica do evangelho, baseando-se na preexistência eterna, na manifestação histórica, na proclamação autorizada, na co-participação comunitária e na alegria que era completada através da certeza da vida no céu. João retoma as idéias escritas no evangelho o que era desde o principio, tanto a referência da apresentação de Jesus como o verbo como o princípio de todas as coisas. A mensagem das epístolas vai fundamentar na certeza que o cristão deve ter segurança e conhecimento de uma religião verdadeira e confiável. João escreve aos seus contemporâneos que também é valida e aplicável para os dias de hoje, afirmando que Cristo não mudou sua mensagem, também não mudou a alerta contra o gnosticismo que era ferrenho no primeiro século, e que perpassa para os dias atuais. Outra mensagem das epistolas é a certeza da vida eterna. Depois de uma apresentação de quem é Cristo e a certeza de que não se tratava somente de uma pessoa normal, mas do Messias prometido, João coloca o fundamento da fé dizendo a respeito do conhecimento de Cristo, a permanência nEle, e ele em nós, e assim essa pessoa passa ser de propriedade exclusiva de Deus, e que no momento dessa aceitação do senhorio de Cristo o homem conforme ele diz, já passou da morte para a vida. Percebe-se que João apresenta ao povo um advogado agindo de forma totalmente atípico, onde ele não defende que o homem é inocente, mas, sobretudo se coloca no lugar de objeto de propiciação ou expiação. O propiciador poderia muito bem usar outro meio para a expiação do pecado, e no caso apresentado por João, Jesus faz dele próprio a oferta propiciatória. O sentido deste termo propiciação significa “satisfação” onde ele mesmo paga com sua própria vida a ira de Deus sobre a humanidade. O problema estava presente no meio dos cristãos, o pecado, a imoralidade, a ética, sobretudo a idolatria. Stott observa que essa idolatria pode ser tanto entendida no sentido comum da palavra, ou também sendo referência as ilusões dos sentidos em oposição à realidade última, onde estaria sendo formulada e ensinada que Jesus não era Deus pelos falsos mestres no qual João adverte os irmãos. Na segunda epístola Stott observa que era costume dos gregos iniciarem uma carta com saudações e apresentações, e o autor faz a apresentação, porém não com o nome pessoal, mas com o seu título de presbítero, visto que seus leitores o reconheciam e saberiam sem nenhuma dúvida de quem se tratava. A carta é endereçada a “senhora eleita”. Há duas linhas de pensamento, visto que alguns pensam ser uma pessoa e outros pensam ser a uma igreja. Portanto a mais provável seja a igreja, visto que a linguagem de João não é apropriada para uma pessoa real. A personificação feminina para se referir à igreja é muito normal em toda a escritura, e assim Stott afirma que essa personificação refere-se a uma comunidade cristã. A mensagem de João focaliza o ensino do relacionamento da igreja com os irmãos e também com os que não pertenciam à igreja, e alertando a igreja a respeito do perigo doutrinário daqueles que não faziam parte daquele grupo específico. Muitos heréticos estavam espalhando seus ensinos errados e João preocupa-se em mostrar novamente àquela igreja a prática do amor e da verdade. A terceira epístola de João é mais pessoal, pois o seu destinatário é Gaio o qual o evangelista por várias vezes expressa o seu amor pelo o qual ele o chama também de amado. A epístola é uma correspondência particular dirigida a um irmão chamado Gaio. Este nome era bastante comum naquela época. Temos sua ocorrência em At.19.29, At.20.4, Rm.16.23, I Cor.1.14, além de III João. Contudo, tais passagens não se referem sempre à mesma pessoa. Gaio e Demétrio são apresentados como cristãos fiéis (vs.3-6,12). Diótrefes é visto como ambicioso, estava na liderança, contudo João não o reconhece como tal. O apóstolo diz que Diótrefes “gosta de ter entre eles a primazia.” (v.10). Ele gostava de ser líder, contudo não era vocacionados para aquele trabalho. Visto que recusava dar acolhida aos irmãos ministros itinerante. A preocupação de João era que Gaio não seguisse o exemplo de Demétrio. João alerta para que ele não imitasse o que era mau, senão o que era bom. O autor em sua obra consegue alcançar todos os seus objetivos, mostrando que as epístolas Joaninas como todo, tem o propósito de ensinar sobre os falsos ensinos que surgiam diariamente no meio dos cristãos, levando os amados irmãos a terem uma verdadeira conduta. Tendo como princípio a prática do amor, que João diz que mandamento de Deus para a igreja. Alertando os leitores sobre os falsos mestres e enganadores que surgiriam no meio da igreja, ensinando a humildade e reprovando o orgulho como exemplo de Demétrio que queria exercer a primazia na igreja, o qual João afirma que tal prática não condiz com atitudes de um verdadeiro cristão. Recomenda-se essa obra a todos que pretendem ter um conhecimento mais profundo sobre as epístolas Joaninas.

PASTOR ANDERSON RESENDE BARBOSA