RESUMO DO LIVRO A CRUZ DE CRISTO
STOTT, John / A cruz de Cristo /John Stott: Tradução João Batista- São Paulo: Editora vida, 2006.
Ao falar sobre a obra “A Cruz de Cristo” Jonh Stott, relata um quadro de Holman Hunt. Percebe-se, que nesta obra ele destaca o quanto os Pré-Rafaelitas têm a fama de serem sentimentais. Holman, diz que a sombra de Jesus projetada na parede de sua carpintaria é “a sombra da morte”. Destacando assim, o objetivo e a missão de Jesus aqui na terra. Percebe-se que numa cultura cristã, a cruz é colocada em vários lugares, ela é repetida por palavras e símbolos, questiona-se, se realmente as pessoas tem o mundo como perda, e se gloriam somente na cruz.
Ao longo da história pode-se perceber que todas as religiões e crenças têm um símbolo visual para exemplificar um aspecto importante de sua crença. O cristianismo também tem seu símbolo, mas nem sempre foi apresentado como uma cruz, também não foi o primeiro símbolo, como é hoje, um símbolo universal. A prática da crucificação é inventada pelos bárbaros, um dos métodos mais cruéis de condenação, com objetivo de fazer com que o réu sofra bastante, e talvez por dias. Os romanos escolheram esse método para poderem condenar os assassinos, rebeldes, ladrões, ou pessoas sem posição legal ou social.
Para os judeus morrer numa cruz ou madeiro, não tinha diferença, para eles, essa pessoa era maldita, e era difícil para eles aceitar que o Messias de Deus, morreria sob essa maldição, que era o madeiro. A centralidade da cruz teve origem na própria mente de Jesus, Ele estava ciente que era necessário que isso acontecesse, Jesus estava ciente de que veio ao mundo com esse propósito, e que isso deveria se cumprir em sua vida. Quando Pedro censura Jesus com relação a sua morte, ele é repreendido severamente por Jesus, pois, o comentário negativo de Pedro era de procedência satânica. Jesus deixa claro para sua mãe e seus discípulos que sua hora ainda não havia chegado, mas quando Jesus chega à Jerusalém pela ultima vez Ele diz “É chegada a hora de ser glorificado o filho do homem” (pg. 22).
A morte de Jesus estava certa, Ele sabia que isso ia acontecer não no mesmo sentido de que as pessoas sabem que morrerão um dia, mas que sua morte era de forma cruel e sofredora, por isso, sua alma estava angustiada, pois, seria contado com os transgressores. O que importava para Jesus era que se cumprisse o que estava escrito, embora fosse angustiante pensar no que haveria de acontecer, mas ele pagou esse preço para o resgate de muitos, Jesus decidiu cumprir o que estava escrito acerca do messias, por mais doloroso que fosse. O que dominava a mente de Jesus não era viver, mas dar vida. Embora Ele soubesse que devia morrer, não morreria por ser uma vítima indefesa, mas porque de livre vontade abraçou o propósito do Pai com o fim de salvar os pecadores, como a escritura havia revelado.
A maldição dos homens recaiu sobre Jesus, pois todo que fosse condenado a morrer pendurado no madeiro era considerado maldito, e desta forma Jesus carregou o pecado da humanidade, sobre aquele madeiro no qual fora crucificado. Os cristãos judeus estavam sendo perseguidos para renunciarem a Cristo e voltarem ao judaísmo, percebe-se que o autor da Epístola aos Hebreus faz um tratado teológico para mostrar aos cristãos judeus que Jesus é superior aos anjos, a Moisés, aos sacerdotes, pois, sendo acima de todos, derramou o seu próprio sangue para remissão dos pecados da humanidade.
Para João o cordeiro é mais do que o Salvador de uma multidão, “Ele é retratado como o Senhor de toda história” (pg. 31). Jesus partilha com o Pai do governo soberano. Toda essa autoridade que Cristo tem, O qualifica para fazer isso, é a sua cruz, e por intermédio desta cruz, onde fora derramado o “sangue do cordeiro”, o povo de Deus pode vencer todas as mazelas deste mundo que vem sobre eles, pois este povo tem servido ao “Senhor dos senhores e Reis dos reis”. Percebe-se que Jesus foi morto como criminoso e revolucionário este foi o veredicto dos detentores da lei na ocasião, mas os evangelistas mostram que as acusações e as testemunhas eram falsas e que a morte de Jesus foi um grande erro judicial. Nota-se que nos evangelhos não se descreve o processo da crucificação, mas tem outros documentos contemporâneos que relatam com exatidão como eram feitas as crucificações na época. O réu era despido e humilhado à vista de todos, depois era forçado a deitar de costas no chão, e pregado na cruz, e logo depois de colocado a cruz em pé em um buraco, ali ficava por dias, com dor, fome, frio, calor, até morrer.
Entende-se que toda essa crueldade de Pilatos era com o objetivo de manter os judeus sob seu total controle, portanto, ele usava desses meios com objetivo de suprimir qualquer tumulto ou ameaças de motim. Pilatos estava ciente que Jesus era inocente, percebe-se que por três vezes ele declarou que Jesus não tinha culpa nenhuma, mas Pilatos, também estava interessado em agradar os judeus e os seus dirigentes judaicos. Percebe-se que quando Jesus se dirige a Pilatos, ele diz que as pessoas que o entregaram a Pilatos, maior pecado tinham, e Pedro é bem claro com relação a isto em seu discurso em Atos 3: 12-15. Os judeus não estavam contentes com Jesus porque Jesus contrariou as suas tradições, visto que estas tradições tomaram o lugar da escrituras. Outro fator culminante foi à forma como Jesus referia a eles; hipócritas, guias de cegos, sepulcros caiados.
Percebe-se que a autoridade de Jesus ameaçava os judeus, então, a inveja que eles tinham de Jesus foi outro ponto forte para que eles O entregassem. Alguns defensores de Judas dizem que se Jesus teria de morrer, alguém teria que traí-lo, portanto, Judas não teria tanta culpa assim. Quando Jesus estava com os discípulos ele ensinou muito sobre cobiça, e que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, percebe-se que Judas era um homem ganancioso e ladrão, portanto, ele traiu Jesus de livre vontade. É importante também observar que não foram somente os sacerdotes, por causa da inveja, ou Judas por causa da ganância, nem somente a ambição de Pilatos, mas toda a humanidade participou, portanto, todos são culpados.
Percebe-se que a morte de Cristo está relacionada com o pecado da humanidade, logo, isso significa que Cristo morreu por causa do pecado de cada pessoa, essa morte que o homem sofre não é uma causa natural, mas uma punição por causa do pecado. Jesus poderia ter evitado a morte, porque a morte é uma punição do pecado. Portanto, entende-se que Jesus Cristo sendo sem pecado, não tinha nenhuma necessidade de morrer, “Jesus pensava em sua morte como sendo um sacrifício do Antigo Testamento” (pg. 61). Logo, Jesus estava preocupado com seus discípulos após sua morte, e isto está claro em sua oração. Jesus roga ao pai por ele, pelos seus discípulos, para que eles se mantivessem em unidade e comunhão, também, Jesus orou por aqueles que viriam a crer Nele através da mensagem dos apóstolos. Nota-se que naquele momento que Jesus estava orando, clamando pelos discípulos, pela humanidade, em profunda agonia e consternação, os discípulos se encontravam dormindo, percebe-se que por três vezes Jesus os encontrou dormindo. Entende-se que naquele momento de grande sofrimento que Jesus estava sentindo, não era por causa das chicotadas, dos ludíbrios, do desprezo dos homens, da dor que sofreria na cruz, mas, do foto, de ser ele responsável em tomar o cálice, pois ele sabia que aquele cálice não lhe seria tirado, ele tinha que beber, por mais amargo e doloroso que fosse o cálice, Jesus estava disposto a fazer a vontade do Pai, e cumprir o propósito de Deus em salvar os pecadores, mas para isso seria impossível sem a morte do cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Percebe-se, que este sofrimento de Jesus, foi de pensar que levaria o pecado do homem, e a ira de Deus, maior agonia foi, quando na cruz, concretizava aquilo que ele já estava sofrendo por antecipação.
A dor sofrida na cruz foi demonstrada por amor aos homens, onde, pediu ao Pai que os perdoasse, porque eles não sabiam o que estavam fazendo. Percebe-se que naquele momento Jesus escolheu salvar os homens do que a si mesmo, através da sua morte estabeleceu uma nova aliança entre Deus e a humanidade. Como já fora dito, o que enviou Cristo para a cruz não foi Judas, nem os sacerdotes, tampouco, Pilatos, mas, toda a humanidade com sua ganância, inveja, covardia e todos os tipos de pecados. Portanto, o que se espera do homem é que se sinta vergonha de si mesmo, pois Deus poderia ter abandonado o homem, para perecer, ao invés de Cristo. Contudo, ele demonstra amor, ao dizer “tudo está consumado”, basta somente ao homem, se humilhar aos pés da cruz, confessar que é pecador, e que não merece nada a não ser o castigo, e dedicar a sua vida em agradecer a Jesus pelo amor e perdão completo e gratuito.
Percebe-se que Jesus com sua iniciativa padeceu na cruz o juízo que o homem deveria padecer, para dar ao homem o perdão, que ele não merece. Essa é a gravidade do pecado, todos os termos usados para pecado no Novo Testamento; amartia, adikia, poneria, parabasis, e anomia, todos, estão falando de corrupção ou perversão de caráter. Pois, cada pecado cometido pelo homem é de fato quebra do primeiro mandamento, falta de reconhecimento do Senhorio de Deus, falta de amor. Percebe-se que o homem é muito egocêntrico e quando ele peca, assim como no principio, o objetivo é de se livrar de Deus, tornar-se igual a Deus. “Pecado não somente é a tentativa de sermos Deus, mas também a recusa de sermos homem, afastando, assim, a responsabilidade de nossas ações” (pg. 91).
Nota-se que é necessário que o homem tenha consciência de que é responsável pelas suas ações, isso faz parte da sua honra. Percebe-se que a responsabilidade o faz reconhecer o seu pecado e sua culpa diante de Deus, com isso, ele recebe também o perdão de Deus, e passa a ter a alegria da salvação, se tornando ainda mais, completamente humano, e saudável. Entende-se que o pecado do homem causa separação de Deus, separação que impede Deus de ouvir as orações, o homem se torna indigno de estar na presença do Senhor. Percebe-se que somente através da graça de Deus, o homem pode ter esse acesso a Deus. Deus não tolera o pecado, o pecador não pode chegar-se a Deus, sem impunidade. Portanto, é necessário que o pecador se arrependa, se humilhe, abandone o orgulho, e assim passará a conhecer Deus. Nota-se que a cada dia tem se tornado cada vez mais difícil os homens terem esse entendimento, até mesmo dentro das igrejas, as pessoas tem perdido o respeito e o temor de Deus. Quando, a pessoa é de fato transformada por Deus, reconhece o estado de pecado, reconhece que merece o inferno, neste ponto existe uma transformação verdadeira.
Percebe-se que quando se desenvolve a questão da satisfação pelo pecado, não se pode considerar que essa satisfação foi sobre algum tipo de disputa com o diabo, nem tampouco uma negociação. A satisfação era para si mesmo, pelo modo de salvação que cria; pois Deus não se contradiz. Cristo entregou à morte, não como divida, mas espontaneamente pela honra de Deus. Percebe-se, então, que a lei de Deus foi satisfeita pela obediência perfeita de Cristo durante a vida. Deus tem zelo pelo seu nome, e não trata o homem segundo o seu pecado, e nem retribui ao homem conforme as suas iniqüidades, visto que Deus é compassivo, e grande em misericórdia e fidelidade. Percebe-se que sempre quando Deus procede dessa forma, é por amor do Seu nome, e sempre age segundo o Seu nome, para que o homem saiba que ele é Senhor Deus. Nota-se que Deus jamais se contradiz, ele age de forma coerente absoluta com a perfeição do seu caráter. Deus na sua infinita misericórdia desejou perdoar os homens, descarregando sua ira sobre seu Filho, castigo esse que os homens merecem sofrer. Percebe-se que esta noção de substituição em que uma pessoa toma o lugar de outra, um ato de nobreza. Desde o antigo testamento houve substituição, onde uma vida era poupada outra sacrificada no seu lugar, “a vida de uma vítima inocente pela a vida do ofertante pecador” (pg. 125).
No Antigo Testamento é claro a questão da substituição, onde as pessoas teriam que “levar o pecado”, não existia nenhuma simpatia com relação aos pecadores, também não era sofrer conseqüências sociais ou pessoais, mas, sofrer a sua penalidade, e carregar o castigo das suas iniqüidades. Como sangue de animais não podia expiar os seres humanos, foi necessário que Cristo morresse, pois somente o sangue de Cristo tem o valor suficiente para perdoar os pecados dos homens. Percebe-se, então, que aquele que não tinha pecado, foi feito pecado no lugar das pessoas, para resgatá-los da maldição da lei, Cristo morreu sem pecado em substituição dos pecados dos homens. Essa substituição resultou em abandono da parte de Deus, onde o filho estava de acordo para que se tornasse possível a salvação.
Com a morte de Deus em Cristo, tudo mudou, entende-se, que, se isso não tivesse acontecido, não haveria propiciação, redenção, justificação, nem reconciliação. A propiciação é uma iniciativa de Deus, não do homem, nem mesmo de Cristo, mas de Deus, sua ira não é desviada por alguma dádiva externa, mas pela dádiva de si mesmo para sofrer a morte dos pecadores. Percebe-se, que, “propiciação, enfoca a ira de Deus a qual foi aplacada pela cruz” (pg.157). Agora, o homem é comprado, resgatado da cruz, por Cristo, é importante observar que esse resgate, é um pagamento de um preço, e esse preço foi a sua vida, onde a vida do homem é confiscada e a Sua crucificada. Entende-se que o homem, agora comprado, ele pertence a Deus, por ter sido criação, pela redenção e pela habitação, pois, comprado por Cristo não tem o direito de ser de mais ninguém. Percebe-se que pela graça de Deus o homem é transformado, aceito por Deus, tornado novo, no qual o homem passa desfrutar da situação de justo. Entende-se, então, que a salvação não é por mérito humano, mas segundo a sua misericórdia.
A justificação não é uma declaração de que as pessoas ruins são boas e em momento algum elas deixam de serem pecadoras, mas, estão livres da responsabilidade com relação à lei quebrada. Por outro lado Deus estava em Cristo reconciliando o homem com o povo judeu e também com ele mesmo. Entende-se que nas quatro imagens apresentadas, foi Deus em seu infinito amor, que propiciou a sua ira, livrando o homem de ter de tomar o seu cálice, redimiu o homem da escravidão, comprando pelo seu precioso sangue, justificou os miseráveis pecadores da sua responsabilidade, e reconciliou o homem por intermédio de Cristo, da inimizade contra Deus.
Percebe-se que a gloria de Deus, foi demonstrada de varias formas à humanidade, no Egito, na Babilônia, e também ao mundo através da morte de Cristo para que o homem fosse justificado e Ele glorificado. Entretanto a cruz que parecia vergonha era de fato gloria, onde o filho do homem fora glorificado. Essa é a verdadeira demonstração da glória e do amor de Deus, onde satisfez sua ira e amor, justiça e misericórdia. Percebe-se que Jesus sempre referia a esse momento como o momento de Glória, “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem”(Pg.184), “Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado nele”(Pg.184). Para o Apóstolo Paulo, esse momento era de demonstração do caráter e da justiça do amor de Deus. Com relação à justiça percebe-se que ela foi revelada no evangelho, foi formulada, e continua sendo revelada no evangelho sempre que o evangelho é anunciado.
Tudo o que Deus fez ao homem é manifestação do seu amor, amor que não se tem condições de explicar, mas de conhecer pelo fato de ter Cristo dado a sua vida pela humanidade, mesmo sem merecimento, pois o que o homem merecia era castigo, morte, e a ira de Deus e não o amor. Nota-se então na cruz a síntese do seu amor, onde ela é vista como uma demonstração do próprio amor, com um objetivo exclusivamente para a salvação da humanidade. A sabedoria e o poder de Deus, sabedoria essa que o mundo não conhecia, que para sábio e entendido é loucura, mas para os que crêem poder de Deus.
ANDERSON RESENDE BARBOSA
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